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A arte de calar a boca
Piera Aulagnier foi uma psicanalista que nomeou lindamente a função dos cuidadores junto aos bebês usando o conceito de “violência da interpretação”. A palavra violência não está aí à toa e revela o paradoxo da situação. Não se trata de algo ruim que deva ser erradicado, mas da contradição própria que decorre de alguém ter que fazer a voz da criança, enquanto ela ainda não se apoderou da própria fala. Daí que Aulagnier chame os cuidadores nos primórdios de “porta-vozes”, pois são eles que dirão se o bebê “está com frio”, “com fome”, “precisa de colo”, “ficou com ciúmes” e outros palpites, que funcionam por tentativa e erro. Longe de imaginar que pais e mães deveriam saber o que o bebê quer de fato, o que se espera deles é que estejam atentos e implicados o suficiente em tentar atender a criança. Ainda que seja consolando-a por não conseguir descobrir o que ela quer.
Leia mais (07/03/2023 – 13h15)
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